quinta-feira, 10 de junho de 2010

WHY



Um destes dias, em conversa com um amigo, ele dizia-me: Mostra o PORQUÊ do teu saber fazer, criar conceitos e colecções... As pessoas querem saber o porquê, o que fazes elas sabem!
Depois, mais tarde, um outro faz-me descobrir um video: Simon Sinek.



Então é verdade... mas... como se transmite por palavras o que é um turbilhão de ideias, de associações, de pequenos factos da vida quotidiana que se transformam em criação?
Ando nisto há semanas...e nada! Hoje tinha que sair algo, não encontrei outra forma senão contar duas pequenas histórias. Leiam, e por favor digam se consegui explicar o PORQUÊ.

I. "O anel da SU"

A minha prima Susana, desde que "aterrei" em Coimbra, tem sido a "luz". Não há dia que não comunique a saber se estou bem, se quero almoçar, se quero sair. Retribuir como? Com ternura, com um presente...um anel!
Mas não pode ser um qualquer. Tem que transmitir: a beleza, a inteligência, a doçura e o sentido de humor que adoro. É isso. Quatro chakras. Quatro pedras. Discreto. Para usar todos os dias. Das conversas, todas e muitas, de primas, no trajecto a pé para o almoço em casa da MÃ. Regresso e café na Almedina. Mais conversa. Medos e dúvidas de mulheres. Vá, vamos trabalhar! Até logo.
Durante a tarde, rodei, rondei, pensei, pesquisei. Ao fim da tarde resumi a procura com esta frase e este filme que me inspiram, pela beleza e determinação de Babette...



A trabalhar no "WHY" fui comprar um bife para o jantar e lembrei-me deste delicioso filme (conto) de Karen Blixen: "un artiste n'est jamais pauvre"... Tudo por causa das famosas "cailles en sarcophage" e do anel da Su. Mas como explico tudo isto num texto??

Mais: o que faz um sms nesta torrencial criação? Tudo.
O cinema à noite - "O Sexo e a Cidade". Quando saí do cinema, regressava a casa a pé, saltos altos, olhos no chão, ouvidos na Lua... a escolher os paralelipípedos de granito para não tropeçar, e claro, o anel. Paralelipípedos. Quatro faces. O anel, vêem depois no dedo da Su...



II. WHY "09/10"

Colecção de jóias para a exposição de Outubro de 2010.

A Micha é uma grande amiga, psicóloga de profissão. Cada vez que nos encontramos ela insiste: Paula, as jóias!
Pois é, olhem, neste preciso momento chove torrencialmente, parece inverno, mas não está frio, tenho a janela aberta. Gosto do som da chuva a cair, da música que estou a ouvir...U2-With or without you. Na vida falta sempre algo que procuramos e, para criar, essa falta é partícula de energia do atómo, o famoso efeito borboleta da física quântica.

Ontem também, recebi duas telas, começadas e inacabadas. Serão herança para os meus dois amores, os meus filhos. Se vão ser acabadas não sei, não é este o meu caminho, hoje.

Na noite anterior a Né convidou-me para um jantar a "duas" com o Bock. Fondue que quase não saboreei pois que a cabeça andava na Lua... as jóias.


WHY

Ontem andou no ar jantar fora, mas choveu de Coimbra até Viseu (metáfora) e fiquei em casa. E do "nada", da cera e das minhas mãos saíram...anéis, anéis, anéis, a música, Keith Jarret - The Köln Concert, sempre que preciso, ele, sempre...



Vela acesa para amolecer a cera, o copo de vinho tinto e alguns cigarritos a mais. Adormeci "para lá de Marrakech"... no deserto? Não. Na imensidão da vida.

Para os que me conhecem é mais fácil. Para vós, outros, pergunto: consegui explicar o PORQUÊ?